Ouvir da pedra o seu silêncio. Contemplar. Aprender da pedra o quanto pedra somos. Porém: o quanto água pensamos, por imagens e palavras fluidas. Portanto, permitir sempre que se desfaça a estrutura rígida de nós mesmos.
as pedraS . . .
BISTRÔ
tábua de frios...
e o mendigo lá fora
chove.
restaurante cheio,
todos comem,
ninguém se comove...
tábua de frios
PARA O DEUS QUE OLHA DE ESGUELHA
porque em uma hora nascer,
já é ter sido em alguma hora nascido,
mesmo que em hora tão longínqua,
longe tanto que impossível de ser
e o tempo vem, implacável, devorar
todas as horas
devorando todas todo-tempo,
por fim devorando a si próprio,
cujo corpo é de horas feito
o tempo é esse algo impossível,
porque nasce para dentro de si mesmo,
é uma cobra, sim, que se come a si próprio
` ` ` ` ` ` ` ` ` ` ` ` ` ` ` ` ` ` ` ` ` ` ` ` ` ` ` ` ` ` ` sempre,
que se engloba no tanto de ponto,
que na fome de si próprio,
atinge o mínimo absoluto,
e continua oco
e sua pele é cercada de suas vísceras,
e suas vísceras têm muito gosto de hora
IN: 32 POEMAS PARA CADA COISA. Ed. Confraria do vento.
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