Ouvir da pedra o seu silêncio. Contemplar. Aprender da pedra o quanto pedra somos. Porém: o quanto água pensamos, por imagens e palavras fluidas. Portanto, permitir sempre que se desfaça a estrutura rígida de nós mesmos.
as pedraS . . .
METEOROLOGIA
aqui, em baixo desse duelo de sol e nuvem
devemos perceber o quanto água somos
e aprender a sentir quando
uma tempestade se aproxima
LEVEZA
a dor de uma falta
botões natimortos e belos
no jardim que havia.
e nuvens pesadas passam
alheias,
imunes
.
SEDA
aquela folha minha ilha
e o que mais couber ao olho
cada pétala uma tarde
ao que pólen toda luz.
lagartas são meus dedos
na fria seda de seu rosto
27 de dezembro de 2007
ABISMO
preciso de um lance
que me jogue
pra fora do alcance
de mim mesmo
uma estação fora do mapa
um trem fora do trilho
um espaço fora do tempo
um tempo fora de si
preciso de um lance
que desate o laço
de minha lucidez e
de todo santo-dia...
preciso dessa rigidez do delírio
contra a dureza das convenções
preciso
de flores plantadas no abismo
até que um rio corra por entre
esse vazio duro que nos cerca.
o abismo
.
.
.
COMPOSIÇÕES (Haicais)
Composição
algo de algazarra a água
o céu de estrelas bailantes
o bambuzal dobra o tempo
Composição mista I
gato desenha uma fuga na parede
dona-de-casa limpa com atraso
mendigo na rua contrapé de vento
Composição mista II
gato desenha uma fuga na parede
dona-de-casa estende o dia no varal
mendigo na rua contrapé de vento
in: Deus, e outras coisas. Acervo EDA
POLÍMEROS
há várias vidas dentro de uma vida.
o que não há é uma alma de plástico
pra substituir nossa alma
em caso de desgaste excessivo
(HOMENAGEM A COCTEAU E MICHEL ÂNGELO)
coração terminado em pedra
calcário banhado do mar morto
como podes ainda bater no peito?
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