O canário brotou do pensamento
E como uma superfície líquida
Ele foi música divina
Cristal de penas e pulos
Pintura sem moldura numa parede silenciosa
Com as gotas de sua melodia
Nasciam botões de luz por toda a sala
E o tempo de uma tarde parava
E somente só havia o presente
Onde uma criança brincava pela tarde
Eterna e dourada tarde de uma vida inteira
Nenhum abismo se abria sob os pés
Nem do canário e nem do menino
E os botões de luz viraram gotas
E até hoje refratam o sol
Nesta ante-sala a céu aberto da vida
(15 de julho, 2017)
(Rooms by the sea - Edward Hopper, 1951)
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