O poeta não precisa ser um ébrio
Ou um desvairado bukowsky bêbado e obsceno
O poeta pode ser o menos provável careta
Sentado à mesa de um café discreto
Bebendo uma água mineral
Sem roupagens de artista louco
Nem feições de um sofrido insone
O poeta é mais um estado de espírito e o próprio espírito
Do que esse corpo físico que apenas sofre e sente
O poeta é este anônimo inconformado
Não com seu anonimato irrevogável e severo
Mas com a loucura inescrupulosa da humanidade nesse mundo
O poeta de verdade é mais um mero transeunte
Cumprindo seu trânsito na superfície terrestre
Porém suas palavras contêm essências
Que a outros sentidos nos despertam
Mas são poucos os espertos que lhe dão ouvidos
E acordam para uma existência verdadeira
( Rio, 5 de fevereiro, 2019)