as pedraS . . .

[CHARUTARIA]



mas ainda há tempo ainda há
esse espaço de tempo por entre prédios
por onde a Lua mergulha adentro
e vai morar na mão do menino

ainda há esse espaço onde germina
essa planta prata muda dentro
essa alma menina-viva argento-vivo
pura vítrea cristalina
tanto matéria quanto sublima


e no entanto um mar se impõe a falar
aqui nessa cidade costeira um mar
que dita a regra do andar essa mãe
sempre gorda grave grávida densa
esse tempo denso e fluido tempo lento e
grosso que se chama mar

e numa tabacaria aqui em Copa nesse
espaço aromático e suspenso no tempo
é possível esconder-se do movimento o
tormento de um bairro que nunca para


( 24 de janeiro de 2013)