maestrodemármore: outubro 2020

tempo suspenso tarde de sol

uma poeira dourada páira

há na pele um tato de eletrostática

ou apenas um momento de quietude

alma

tempo casa na tarde de sol ameno

eu habito de corpo e alma essa tarde

não arde na pele a veste do sol

não poluem os olhos a poeira luminescente

somos eu acompanhado de mim mesmo

mesmo numa tarde chuvosa como esta

uma tarde com o sol

alma

( julho de 2019)

da PoESia...

Caros leitores,

em princípio eu diria que a Poesia não deve ter função alguma. Porque o texto não é instrumento para se chegar a um fim. Ele já é o fim em si próprio.

No entanto, cabe dizer que através de um poema às vezes encontramos respostas para tantas questões, questões nossas que vão nesse mar tempestuoso do espírito, ao qual não se pode negar navegação. Negar essa navegação é morrer. E ninguém quer morrer.

Então, essa obra de vida, e para vida, que é a Poesia, trai a si própria desde seu nascimento: ela tanto nos deleita quanto nos ensina, ela tanto nos faz contemplá-la no que reluz em si mesma, quanto nos instrui com o que há de conhecimento e reflexão em seu corpo de palavras.

Ler um poema é fluir, como o fluir desse navegar que não pode ser negado, esse navegar de se chegar em terras que não se sabe quais, esse navegar que nega qualquer propensão de nossa alma para pedra, ou qualquer outra substância refratária à correnteza e que, portanto, vai-se precipitar no fundo.

Assim sendo, aos caros leitores, esse convite ao fluir, ao navegar por um mar de tormentas e calmarias,

no espírito, e na Poesia.

Um abraço,
antônio bizerra.

as pedraS . . .