as pedraS . . .

ENQUADRAMENTO



pela manhã
frio de serra
janela cerrada
a pele do dia gélida
xícara à espera do café

tilintam talheres na cozinha
um tílbure toca aros e pedras
na memória do vidro

o senhorio sabe de cristais e lustres
sua senhora conhece de castiçais
um cachorro ignora de vento

mundo em moldura
tempo em quadro de celulose.

janela erguida:
um aceno ao cocheiro
uma buzina de fusca,
esticar de correias
a espreguiço matinal







(Janela em Ouro Preto, em agosto de 201?)


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IN:  32 POEMAS PARA CADA COISA. Ed. Confraria do vento.