entre tantos entretidos
com seus celulares em seus
universos particulares
um homem com
uma caneta em
uma órbita própria
gira ao redor de um sol
e poucos poderiam perceber
a luz tênue rebatida
por seu corpo só
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são terrenos ocultos as
páginas em branco
e poucos se aventuram a
percorrê-las
embora apenas a mão o faça
mas
ao espírito a página é por demais
vasta
e tanto ele se afasta de tudo e
longe demais tanto
não se sabe se
volta...
muitos temem páginas em branco
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a língua muda dos degredados
embora nem fora do país estejam
porém seus corpos aqui presos
transeuntes cujas almas
já há muito aportaram
outras terras
eu ouço a língua dos degredados
nos interstícios do dia
e nos substratos da realidade sensível
nos comunicamos em fraterna
mudez
(cães de donos bem alimentados
ao cruzarem por mim
rosnaram e tentaram me
avançar
como se vissem um grande perigo
mas era apenas um homem ferido
pelo luto e a luta
por manter seu pai vivo)
Rio, 30 de janeiro de 2017